27/08/2007

Berlim!

Aprender a viver de quase nada... ou agora aprender a viver numa sociedade diferente! Pois é, o teclado voltou a mudar e o meu poiso também... agora é Holanda, a terra verde!

Noutro tempo qualquer falarei deste meu novo país, que ainda estou a absorver, hoje apetece-me escrever sobre mais um local que visitei e que simplesmente me fascinou (como muitos outros é verdade, e sempre por razoes diferentes!), Berlim!

Uma cidade que nunca esteve no meu top das cidades a visitar e que acabou por ser escolhida num dia de frenesim, em que o telefone tocou e do outro lado só me perguntaram, Berlim ou Paris. E eu respondi Berlim... vá se lá saber porque, voltei a adiar a ida a cidade das luzes e nao me arrependo nada! Berlim é uma cidade magnífica, estrondosamente monumental! Em dois dias e meio que ali passámos tenho a certeza que vi um terço da cidade!

Partimos na sexta de madrugada, num comboio internacional, que atravessa a Holanda e a Alemanha, claro, e que na fronteira pára 15 min para mudar os motoristas e o pessoal de bordo (e lá temos de voltar a mostrar os bilhetes!!); demora-se cinco horas, cinco horas a admirar o verde das terras, a mudança do céu, o castanho das casas e a ouvir as mais diferentes línguas... E quando se chega nao se está preparado para uma estaçao de comboios assim tao grande, tao AH! Sim, assim mesmo, de boca aberta!! Acho que tem quatro pisos, um para o metro, um para os restaurantes e ligaçoes ao exterior, outro para o metro exterior e outro para os comboios... Extraordinário! (Mas confesso que desta vez já nao me senti como a pronvincianinha que chega a grande cidade, isso foi mesmo em Londres)

Depois de escolhido o meio para chegar ao hotel, do check-in feito e de tudo tratado, decidimos andar um pouquito numa das grandes avenidas, que conduz ao centro da cidade... Foram duas horas a andar sem parar, cabeça em constante andamento de um lado para o outro e os AHs que nao pararam! Tudo é grande! Nao há pequenos edifícios, nao há pequenos jardins, nada é pequeno!

E ao fim de duas horas finalmente avista-se o arco (Brandenburger Tor) e ouve-se a música de um ensaio para um concerto contra a violencia nas escolas... E sente-se que ali tudo está sempre a acontecer... paragem para um snack, a famosa salsicha de Berlim e depois segue-se caminho pela Unter den Linden.... e desta avenida segue-se para outras e outras...

Foram dois dias e meio a andar, vimos os sítios mais emblemáticos, o Parlamento (filas de espera de horas para entrar), a ‘casa’ onde a Frau Merkel pára de vez em quando (entrámos por mero acaso e saímos fascinados com os ‘pequenos’ jardins!!), o que resta do muro, a Topografia do Terror, a magnífica catedral e mais alguns locais. Terminámos com um passeio de barco no final da tarde de domingo e a ideia de que tudo ali foi feito para impressionar consolidou-se!

As diferenças entre a antiga RDA e a RFA, já nao sao muito visíveis (felizmente ou nao) mas estao latentes e acima de tudo foi esta liçao de história ao vivo que me impressionou! Ver-lhes as caras, as casas, ouvir-lhes as vozes, conhecer-lhes o passado e descobrir-lhes o futuro... Arrepia olhar para o muro, arrepia pensar como a verdade pode ser alterada ou construída... arrepia pensar o que um homem só conseguiu fazer e manipular, arrepia saber que eles existiram e que corremos o risco de voltarem a existir... mas também me arrepiou ver como alguns elementos desta História sao tratados sem respeito! O Checkpoint Charlie (local em que os americanos faziam o check) hoje é mesmo um local a americana... no meio de cafés e restaurantes, de lojas e de vendedores de rua (que vendem desde fardas da antiga RDA a símbolos do partido comunista), existe uma barraca (parecida com a original), com sacas de areia e meninas loiras vestidas a americana com a respectiva bandeira, que por alguns trocos tiram fotos com os turistas! Aquilo que vi é de tal forma estranho, que me recusei a tirar uma foto que fosse num sítio daqueles! Aquilo deveria ser um memorial (como sao a maior parte dos sítios) e nao uma fantochada....

E por falar em memorial, ao entrar na catedral, lembrei-me do nosso Saramago e se ele se dedicasse a escrever sobre quantos ali morreram, teria um livro bem longo...

Quanto a comidinha, recomendo a boa da salsicha (como snack), o meio litro de cerveja (sim, cerveja também pode ser comida) e nao recomendo a bola de berlim (a nossa é melhor e tem menos vespas a passear-se por cima. Sim, é verdade, ali as vespas passeam (literalmente) por cima de bolos e de paes, tanto nas padarias como nos snacks... Estranho, nao? Num país que é dos primeiros a impor regras de conduta e de higiene... se calhar as vespas sao animais limpos!)

Que mais há a dizer sobre Berlim? Que se tem de lá ir para se ver com os nossos próprios olhos, para se sentir esta grandeza construída para impressionar naçoes, para nos arrepiarmos com a História desta Europa e para relembrarmos o que aprendemos na sala de aula! Que se tem de lá ir para aprender como os outros vivem, para ver a mescla de gentes e para ver como na ausencia de mar se controem praias a beira rio, com espreguiçadeiras e tudo... Berlim, tao grandiosa que nao cabe em palavras nem em fotos (das poucas vezes em que nao consegui tirar tantas quanto gostaria, os monumentos eram maiores que a objectiva)! Berlim Berlim...

E na viagem de regresso a casa (ando a habituar-me a ideia), terminei o livro do Murakami, Em Busca do Carneiro Selvagem (que recomendo a todos os que andem a procura de algo...)
Suzshan