07/12/2007

Lissabona en Mugabe......

Aqui longe de casa, gostaria de ouvir o nome da terra nomeado por outras razões que não estas, que me deixam irritada e irritada! A minha ignorância não me permite perceber o porquê de não receber um líder espiritual, que ainda não matou ninguém, e o de forçar a presença de um assassino numa conferência internacional!

A minha crença no Pai Natal faz-me desejar que isto seja apenas uma estratégia para retirar o senhor do país e permitir que algo mude...

Mas isso nao vai acontecer e assim ouvirei por estes dias falar de Lissabona e de Mugabe, numa conjugaçao que, a mim, me parece pouco digna! Ao menos sirva tanto alvoroço para que se mostrem imagens daquilo que se passa realmente no Zimbabué e para que se fale do país...

Para que essa comunidade, que se diz internacional e muito preocupada, algo faça!

Porém sei que isso seria pedir demais, seria pedir que se esquecesse os interesses económicos, os diamantes, o tabaco e tudo o resto. Seria pedir que se lembrasse que em 1949, a 10 de Dezembro (se não me falham os números), se assinou um Tratado dos mais importantes e dos menos respeitados, a Declaraçao UNIVERSAL dos Direitos Humanos, a tal que diz que somos todos iguais e que todos temos os mesmos direitos! Sim, sim, sim... enquanto eu escrevo numa casa quentinha, usando uma das últimas tecnologias para expressar a minha raiva, outros morrem, outros são espancados, outros são abatidos, outros são torturados, outros são esquecidos!

E essa declaração serve apenas para que alguns se lembrem e façam anúncios multicoloridos e para que outros se esqueçam e convivam bestialmente com os bestiais que matam, torturam e matam, torturam e matam, torturam e matam, torturam e matam, torturam e matam, torturam e matam.........

04/11/2007

Eles já se foram embora

e eu fiquei triste, meio perdida de novo no aeroporto! O mesmo sentimento de há dois meses e pouco atrás! Impotencia, tristeza, vontade de ir com eles, vontade que eles aqui ficassem, vontade que estes dias se prolongassem, para que eu volte a estar menos só!

Eu sei que nao estou sozinha nesta aventura, se assim fosse, já teria feito as malas e tinha voltado para casa... pois para casa, porque a casa, por muito que custe a admitir, ainda não é aqui! Ou talvez seja e eu apenas resista à ideia, pelo medo de ser assim o resto da vida, incompleta, com aqueles que sao meus longe de mim, com aqueles que me conhecem com um olhar apenas, longe... Aquele peso, a dor de perda, de estar incompleta voltou e eu sabia que seria assim... Mas há que olhar para tudo de uma forma positiva, foi melhor te-los aqui por quatro dias do que não os ter! E foi tão bom poder rir, poder mostrar-lhes a minha cidade, poder descansar e falar portugues...

Fez precisamente este fim de semana quatro anos que esta aventura começou, esta aventura de ter e deixar de ter, de aeroportos, lágrimas, olás e adeus! Só que até há dois meses atrás era diferente, era eu que voava ou ele que voava, era a ele que eu perdia ou ele que me perdia, agora sao os outros que voam ou nós que voamos! Talvez seja melhor, não, é melhor assim mas não é por isso que aceito melhor esta situaçao!

Enfim, a culpa é toda minha, fui eu (ou melhor nós) que há quatro anos começamos isto! Mas é tao estranho, se entao me tivessem dito a partir de agora tudo sera diferente, ou qualquer dia mudas de pais (outra vez) e voltas a ter de começar uma vida, acho que nao acreditava! Afinal aquilo tinha sido só um fim de semana na Dinamarca, em que conheci um holandes, nao seria de esperar que este fosse o rumo, mas foi! Felizmente (e infelizmente porque nunca mais hei-de estar completa, bem sei que nunca se o é, mas nunca terei aquilo que a maioria tem, os amigos, a familia ao pé de mim, a uma distancia de algumas horas de carro ou mesmo minutos! É um preço alto, às vezes, demasiado alto, demasiado doloroso!)

Mas estes dias foram óptimos, voltei a Amesterdão como turista mas entendendo melhor a língua, voltei a ter companhia para as lojas (gajas!), voltei a percorrer um bocadinho deste país como se não lhe pertencesse mas ao mesmo tempo sabendo por onde ando. Depois de Amesterdao na quinta e na sexta, no sábado fomos até Zans Schans, um local (mais um) para turistas, para se ficar a saber como se fazem as socas de madeira (de Klompen) ou o queijo (de Kaas) ou como trabalham os moinhos (que dantes serviam para drenar a água) ou como era o primeiro supermercado Albert Heijn (que agora está espalhado por toda a Holanda) ou como são as típicas casas verdes holandesas! E depois seguimos viagem para o Aflijsdijk (acho que está mal escrito mas um erro não retira a imponencia da obra feita pelos holandeses (e que faz jus ao famoso ditado, Deus fez a terra e os holandeses a Holanda)), é uma auto-estrada que liga duas pontas da Holanda, com 35 kms, sustendada em betão e pedras, que formou um lago artificial de um dos lados e acalmou as ondas do Mar do Norte! Em seguida parámos para jantar em Leeuwarden, uma pequena cidade, calma e muito simpatica, a recordar o frio que aí vem!

E agora lá voltaram os meus tugas para o calor, enquanto eu fico aqui com os cachecóis, as camisolas de lã e os casacos, e esta língua diferente que me faz suspirar e que é realmente um desafio, pois não tem apenas uma construçao sintáctica diferente, tem sons terriveis, que não sei quando serei capaz de os imitar! Amanhã volto a ser aluna, uma aluna pouco aplicada, pois não estudei nada este fim de semana! Amanhã volto a estar sozinha com os meus botões e o meu gajo holandes, amanha volto a rotina que me soube tao bem quebrar e que agora me deixa um travo amargo recomeçar!!! Os postais, os emails, os chats, os telefonemas são bons e fazem-me bem mas não há nada como a presença daqueles de quem gostamos muito e que gostam de nós!

Fazem-me tanta falta, gente!
(isto amanha passa)

06/10/2007

Agualusa, Cesariny e os outros lá fora

Há mais ou menos duas semanas o Agualusa entrou pela porta holandesa... (Quem me dera!) Não, foi mesmo o último livro dele, As mulheres de meu pai, que me chegou às mãos, como noutros tempos, via correio! Larguei tudo o resto que andava a debicar e devorei as muitas páginas, cheias da minha África! Não descansei enquanto não o terminei e cada página lida era um encontro com a minha áfrica literária, com os tempos outros, em que me sonhava que aquele seria o meu país. Horas a ler em que voltei a vislumbrar Lueji de Pepetela (agora com o nome de Laurentina...), em que me encontrei sozinha com um livro, com um espaço e com um autor (que decidiu partilhar connosco, meros leitores, como se pode transformar o real em literário). Obrigada, amiga, não apaziguei o que trago em mim, mas descansei por breves instantes!

Dias depois, chegou o Cesariny... um documentário extraordinário para o DocLisboa, que nos traz um Cesariny vivo para sempre, irrequieto, lúcido e pouco conveniente, um Cesariny que se deu na totalidade à entrevista, como se aquele fosse o seu último legado! E eu que admiro a sua poesia, fiquei a admirar o homem, que sem máscaras, se apresentou. Obrigada amiga!

Hum... depois chegou outro, que ainda ando a tentar perceber se gosto ou não, às vezes apetece-me falar com a autora para lhe perguntar se ela pensa mesmo que pode ensinar alguém a escrever com o que diz... mas como ainda ando a tentar perceber o que ela quer, não faço mais comentários! Mas, Mirita, obrigada, está a ser uma luta, o que é bom!

E depois há os outros lá fora... os do curso... que vem de todos os lados: México, Moldávia, Turquia, Peru, Bulgária, Espanha, Itália, Japão, Grécia, Alemanha, Irão, Portugal e Holanda, tudo na mesma sala, tres horas por dia, tres dias por semana... Estranho? Não, é mesmo assim aqui! E isso é o que eu gosto mais, em vez de ir ao mercado ver a miscelanea de cores na bancada dos vegetais, vou para o curso, ver a miscelanea de gente! Mas hoje também foi dia de mercado aqui no Winkelcentrum (centro de lojas ou shopping center). E um mercado é sempre um mercado, não interessa onde estamos, acho eu! Mudam talvez alguns hábitos mas de resto... aqui não há o ciganito a vender a roupa do chines ou outra de contrafacção, lá isso é verdade, mas há holandeses a vender roupa fabricada na China e afins, há holandeses a vender botas e sapatos, há turcos a vender quinquilharias e os mais diversos tipos de comidas! E em vez do pão com chouriço ou da boa da bifana no pão, há peixe frito ou arenque crú no pão com cebola ou camrão (parecido com o nosso do rio) também no pão, claro! Só tive pena de não haver stroppwaffel acabinha de fazer... E confirma-se, os holandeses gostam mesmo de gomas! Havia uma banca (digamos, assim para o grande) com gomas de todos os tipos, das salgadas às doces, e não vi crianças a comprá-las, só mesmos adultos!

20/09/2007

Um mes!

Um mes e eu ainda me espanto com a forma como eles biclam por aí! Ainda esta manhã estava a chover a bom chover, para mim claro, para eles era apenas uma manhã normal! Continuam a andar de bicicleta, a levar os filhotes na dita (mesmo sem estes terem qualquer protecção para a chuva! Se calhar os putos não se constipam aqui ou então é o hábito!), a falar ao telemóvel enquanto chove e eles à chuva!! É estranho e embora já ande por aí mais à vontade, ainda estranho estas coisas!!

Assim como estranho entrar num banco e, enquanto espero para ser atendida, oferecerem-me um café; como estranho entrar no edíficio da Camara e a primeira coisa que vejo é um pequeno parque infantil, onde os mais novos podem ficar (perto dos seguranças) enquanto os mais velhos tratam das burocracias; como estranho o preço da fruta, dos vegetais e do peixe; como estranho tantas outras coisas que agora não me lembro!

Um mes e eu nem me apercebi do tic-tac a contar! Não tarda muito e é Natal! :D

19/09/2007

A minha cidade...

é linda!

Cheia de pequenos recantos, de casas de bonecas que mergulham nos canais! A minha cidade não me faz desejar estar em Amesterdão, pois é grande o suficiente para ter tudo (ou quase tudo, pois a capital é a capital) e pequena o suficiente para ser acolhedora e bonita.

Gosto da minha nova cidade, as casas tem a típica arquitectura holandesa (e quem ve de fora não imagina o que é viver lá dentro... este vai ser um parentesis longo... ontem descobri que aqui pode-se comprar um estúdio, sem cozinha nem casa de banho, essas duas divisões serão partilhadas com os vizinhos!!! E até pode ser que a caminho da rua ou de casa, o vizinho tenha de passar pelo estúdio!! Vida comunitária mas cara, pois cada estúdio rondava os cem mil euros e não estou a exagerar!!)

Como dizia, além das casas, existem os canais e o verde das árvores, existem as pessoas nas ruas e nas esplanadas, existem bicicletas (o meu inimigo número um, ainda hoje ia sendo mais uma vez atropelada por uma), e o melhor de tudo... descobri um sítio onde se pode beber um café daqueles a saber a bica, a expresso, a café portugues! :D Douwe Egberts (ou DE) é uma empresa produtora de café cá na Holanda, que tem uma winkel (loja) numa das praças de Utrecht. Entrei lá hoje a pensar que mais uma vez ia pagar caro por um café que me ia saber a borras, qual não foi o meu espanto quando o provei e me soube a café real! Enchanté!!! É claro que este enchanté paga-se um bocadito mais caro que um café aí, mas vale a pena!!

Ah e esta minha cidade é tão cosmopolita quanto outras, ainda hoje esmifrei-me a explicar em ingles determinados detalhes femininos, para depois a minha interlocutora me perguntar, "from where are you?", "Portugal", "E falas portugues? Eu sou brasileira!" E está tudo dito! Não tarda muito e já ando a dançar o samba! :p

18/09/2007

The Rainbow!!!!!!!

Uma das coisas que eu gosto mais nesta terra, é do sol do fim de dia! É verdade! Pode chover o dia todo mas, geralmente (e por enquanto), por volta das seis da tarde faz sol, um sol forte o suficiente para espreitar pelas nuvens e iluminar a cozinha, mesmo a tempo de me ajudar a fazer o jantar!! E se o jantar é dos piores (como o de hoje), a culpa não é certamente do sol....

Para alegrar os últimos minutos da tarde, antes da noite cair sobre nós, e talvez para me aliviar o mau humor de cozinheira, apareceu um arco-íris! Perfeito! Daqueles que raramente aparecem, completos! E assim, depois de um jantar a fazer desejar que alguém profissional cozinhe nesta casa, o arco-íris fez de sobremesa e alegrou o final da tarde! Nem me importo que chova...

Prinsjesdag!

Ou dia do Príncipe!

Pois é, hoje foi dia dos contos de fada a sério! Nesta nova terra não se brinca com a realeza, por isso tenho de ter cuidado com o que digo, pois para mim, republicana, isto da realeza só mesmo nas histórias que leio à minha afilhada... Mas aqui não!

Esta manhã Haia (ou mais correctamente Den Haag) engalanou-se para ver passar a Rainha, as Princesas e o Príncipe! Os plebeus acenavam da rua, enquanto os coches (daqueles que eu pensava só existirem mesmo no Museu dos ditos) passavam e a realeza acenava! Fantástico! Aqui na televisão não perdi os minutos transmitidos e confesso que mais uma vez esta Holanda me surpreendeu!

Um país moderno, desenvolvido, que mantem as tradições como se ainda estivessemos noutro século e que faz com que essas tradições pareçam naturais e simples! A Princesa Máxima (deu para aprender os nomes e tudo) acenou sem se cansar e sorria (diria eu, plebeia e desacostumada a estes cenários) encantada e de forma genuína!

A minha fofa, que ainda acredita em princesas e em contos de fadas, ia adorar ve-los passar e posso até imaginar os olhos de espanto e o sorriso de afinal eles existem! Pois é, fofinha, agora quando falar contigo no msn, já te posso contar que vi a Rainha e as Princesas e que neste país onde a madrinha vive é a rainha que "abre" o Parlamento lendo um discuso, que apresenta os planos para 2008! Ah e esta leitura é feita do trono! Pois é, Sua Majestade senta-se no trono!

Sem dúvida, um país diferente! E enquanto os via na TV e esperava que a minha sopa se cozinhasse, fiz-me a pergunta mais idiota de todas... Será que eles, os da realeza, também só almoçam uma sandes como os plebeus? Afinal a Rainha deixou o palácio à hora que para nós é de almoço, por volta do meio dia e meia, e só regressou por volta das duas... Se calhar almoçaram depois... Uma sandes, será?

Bem sei que se este blog for lido por algum holandes (o cá de casa sabe que estou na fase de interrogação, por isso não conta), se calhar interpreta mal e pensa que estou a gozar com a realeza, mas não é nada disso! São apenas os espantos e as questões de quem aprendeu que os Reis e as Rainhas só existem nos livros de História, ou de quem é descendente de um povo (será povinho?) que matou o Rei para ter uma República, ou de quem só conhece como realeza portuguesa a sua princesa...

O mais impressionante foi mesmo ver como os holandeses encaram este facto com seriedade e solenidade! Hum... e ver a Rainha sentada no trono!

Laura, as princesas existem! :D

01/09/2007

Momentos do quotidiano

Qd vou ao supermercado, as pessoas falam para mim em holandes, claro, e eu rio-me para elas! Devem ter razao no que dizem mas eu não as entendo! Mas com um sorriso e um "Do you speak english?", lá me vou safando!

Ainda há uns dias arranjei uns cabides à borla! Fui a uma loja, onde os tinham à venda na semana anterior, mas naquele dia já não havia cabides para ninguém. Por isso, enchi o peito de ar e perguntei à menina, do you speak english? "A bit", ela respondeu e depois por gestos, sinais e meias palavras expliquei-lhe que queria os blues hanging clothes da semana passada... Ela, uma fofa, correu a loja toda e como não os encontrou, ofereceu-me um molho de outros (daqueles pretos das lojas)! Eu não queria aceitar, assim sem pagar, mas ela insistiu (e como ainda não sei bem o que é certo ou errado nesta terra), aceitei! E vim contente para casa, com os meus cabides pretos, prontos para colocar mais umas túnicas (falta espaço no roupeiro mas isso não importa!)!

E hoje fui ao supermercado e, para meu espanto, consegui reagir a tudo na língua nativa! Percebi o que me perguntavam e, instantaneamente, dei a resposta em holandes, porque os números eu já sei! Muito orgulhosa de mim, vim para casa, com as compras e a chuva, uma companhia de quase todos os dias!

E é assim a vida de uma estrangeira, a quem as palavras em portugues ja vao soando estranho! Mas sao estes pequenos momentos do meu quotidiano que me fazem rir e seguir! É preciso é calma!

27/08/2007

Berlim!

Aprender a viver de quase nada... ou agora aprender a viver numa sociedade diferente! Pois é, o teclado voltou a mudar e o meu poiso também... agora é Holanda, a terra verde!

Noutro tempo qualquer falarei deste meu novo país, que ainda estou a absorver, hoje apetece-me escrever sobre mais um local que visitei e que simplesmente me fascinou (como muitos outros é verdade, e sempre por razoes diferentes!), Berlim!

Uma cidade que nunca esteve no meu top das cidades a visitar e que acabou por ser escolhida num dia de frenesim, em que o telefone tocou e do outro lado só me perguntaram, Berlim ou Paris. E eu respondi Berlim... vá se lá saber porque, voltei a adiar a ida a cidade das luzes e nao me arrependo nada! Berlim é uma cidade magnífica, estrondosamente monumental! Em dois dias e meio que ali passámos tenho a certeza que vi um terço da cidade!

Partimos na sexta de madrugada, num comboio internacional, que atravessa a Holanda e a Alemanha, claro, e que na fronteira pára 15 min para mudar os motoristas e o pessoal de bordo (e lá temos de voltar a mostrar os bilhetes!!); demora-se cinco horas, cinco horas a admirar o verde das terras, a mudança do céu, o castanho das casas e a ouvir as mais diferentes línguas... E quando se chega nao se está preparado para uma estaçao de comboios assim tao grande, tao AH! Sim, assim mesmo, de boca aberta!! Acho que tem quatro pisos, um para o metro, um para os restaurantes e ligaçoes ao exterior, outro para o metro exterior e outro para os comboios... Extraordinário! (Mas confesso que desta vez já nao me senti como a pronvincianinha que chega a grande cidade, isso foi mesmo em Londres)

Depois de escolhido o meio para chegar ao hotel, do check-in feito e de tudo tratado, decidimos andar um pouquito numa das grandes avenidas, que conduz ao centro da cidade... Foram duas horas a andar sem parar, cabeça em constante andamento de um lado para o outro e os AHs que nao pararam! Tudo é grande! Nao há pequenos edifícios, nao há pequenos jardins, nada é pequeno!

E ao fim de duas horas finalmente avista-se o arco (Brandenburger Tor) e ouve-se a música de um ensaio para um concerto contra a violencia nas escolas... E sente-se que ali tudo está sempre a acontecer... paragem para um snack, a famosa salsicha de Berlim e depois segue-se caminho pela Unter den Linden.... e desta avenida segue-se para outras e outras...

Foram dois dias e meio a andar, vimos os sítios mais emblemáticos, o Parlamento (filas de espera de horas para entrar), a ‘casa’ onde a Frau Merkel pára de vez em quando (entrámos por mero acaso e saímos fascinados com os ‘pequenos’ jardins!!), o que resta do muro, a Topografia do Terror, a magnífica catedral e mais alguns locais. Terminámos com um passeio de barco no final da tarde de domingo e a ideia de que tudo ali foi feito para impressionar consolidou-se!

As diferenças entre a antiga RDA e a RFA, já nao sao muito visíveis (felizmente ou nao) mas estao latentes e acima de tudo foi esta liçao de história ao vivo que me impressionou! Ver-lhes as caras, as casas, ouvir-lhes as vozes, conhecer-lhes o passado e descobrir-lhes o futuro... Arrepia olhar para o muro, arrepia pensar como a verdade pode ser alterada ou construída... arrepia pensar o que um homem só conseguiu fazer e manipular, arrepia saber que eles existiram e que corremos o risco de voltarem a existir... mas também me arrepiou ver como alguns elementos desta História sao tratados sem respeito! O Checkpoint Charlie (local em que os americanos faziam o check) hoje é mesmo um local a americana... no meio de cafés e restaurantes, de lojas e de vendedores de rua (que vendem desde fardas da antiga RDA a símbolos do partido comunista), existe uma barraca (parecida com a original), com sacas de areia e meninas loiras vestidas a americana com a respectiva bandeira, que por alguns trocos tiram fotos com os turistas! Aquilo que vi é de tal forma estranho, que me recusei a tirar uma foto que fosse num sítio daqueles! Aquilo deveria ser um memorial (como sao a maior parte dos sítios) e nao uma fantochada....

E por falar em memorial, ao entrar na catedral, lembrei-me do nosso Saramago e se ele se dedicasse a escrever sobre quantos ali morreram, teria um livro bem longo...

Quanto a comidinha, recomendo a boa da salsicha (como snack), o meio litro de cerveja (sim, cerveja também pode ser comida) e nao recomendo a bola de berlim (a nossa é melhor e tem menos vespas a passear-se por cima. Sim, é verdade, ali as vespas passeam (literalmente) por cima de bolos e de paes, tanto nas padarias como nos snacks... Estranho, nao? Num país que é dos primeiros a impor regras de conduta e de higiene... se calhar as vespas sao animais limpos!)

Que mais há a dizer sobre Berlim? Que se tem de lá ir para se ver com os nossos próprios olhos, para se sentir esta grandeza construída para impressionar naçoes, para nos arrepiarmos com a História desta Europa e para relembrarmos o que aprendemos na sala de aula! Que se tem de lá ir para aprender como os outros vivem, para ver a mescla de gentes e para ver como na ausencia de mar se controem praias a beira rio, com espreguiçadeiras e tudo... Berlim, tao grandiosa que nao cabe em palavras nem em fotos (das poucas vezes em que nao consegui tirar tantas quanto gostaria, os monumentos eram maiores que a objectiva)! Berlim Berlim...

E na viagem de regresso a casa (ando a habituar-me a ideia), terminei o livro do Murakami, Em Busca do Carneiro Selvagem (que recomendo a todos os que andem a procura de algo...)
Suzshan

12/01/2007

Água a ferver, encontrões para cá e para lá! As palavras demoram tempo a cozer, a encontrarem-se... Tanto tempo que a vida já parece outra, depois desta ausência! Tanto tempo que estou quase de mala feita e coração às costas! Será que é desta? Tremo baixinho e suspiro, de novo a partida a longo prazo, de novo as lágrimas e as despedidas e de novo a crença que algo é possível, de novo acreditar... SIGH! Como aprendi a dizer, a escrever e a sentir! Sigh! Esta espera quase que sufoca! Mas sei que era preciso esperar, sei que agora é quase a Hora!