04/11/2007

Eles já se foram embora

e eu fiquei triste, meio perdida de novo no aeroporto! O mesmo sentimento de há dois meses e pouco atrás! Impotencia, tristeza, vontade de ir com eles, vontade que eles aqui ficassem, vontade que estes dias se prolongassem, para que eu volte a estar menos só!

Eu sei que nao estou sozinha nesta aventura, se assim fosse, já teria feito as malas e tinha voltado para casa... pois para casa, porque a casa, por muito que custe a admitir, ainda não é aqui! Ou talvez seja e eu apenas resista à ideia, pelo medo de ser assim o resto da vida, incompleta, com aqueles que sao meus longe de mim, com aqueles que me conhecem com um olhar apenas, longe... Aquele peso, a dor de perda, de estar incompleta voltou e eu sabia que seria assim... Mas há que olhar para tudo de uma forma positiva, foi melhor te-los aqui por quatro dias do que não os ter! E foi tão bom poder rir, poder mostrar-lhes a minha cidade, poder descansar e falar portugues...

Fez precisamente este fim de semana quatro anos que esta aventura começou, esta aventura de ter e deixar de ter, de aeroportos, lágrimas, olás e adeus! Só que até há dois meses atrás era diferente, era eu que voava ou ele que voava, era a ele que eu perdia ou ele que me perdia, agora sao os outros que voam ou nós que voamos! Talvez seja melhor, não, é melhor assim mas não é por isso que aceito melhor esta situaçao!

Enfim, a culpa é toda minha, fui eu (ou melhor nós) que há quatro anos começamos isto! Mas é tao estranho, se entao me tivessem dito a partir de agora tudo sera diferente, ou qualquer dia mudas de pais (outra vez) e voltas a ter de começar uma vida, acho que nao acreditava! Afinal aquilo tinha sido só um fim de semana na Dinamarca, em que conheci um holandes, nao seria de esperar que este fosse o rumo, mas foi! Felizmente (e infelizmente porque nunca mais hei-de estar completa, bem sei que nunca se o é, mas nunca terei aquilo que a maioria tem, os amigos, a familia ao pé de mim, a uma distancia de algumas horas de carro ou mesmo minutos! É um preço alto, às vezes, demasiado alto, demasiado doloroso!)

Mas estes dias foram óptimos, voltei a Amesterdão como turista mas entendendo melhor a língua, voltei a ter companhia para as lojas (gajas!), voltei a percorrer um bocadinho deste país como se não lhe pertencesse mas ao mesmo tempo sabendo por onde ando. Depois de Amesterdao na quinta e na sexta, no sábado fomos até Zans Schans, um local (mais um) para turistas, para se ficar a saber como se fazem as socas de madeira (de Klompen) ou o queijo (de Kaas) ou como trabalham os moinhos (que dantes serviam para drenar a água) ou como era o primeiro supermercado Albert Heijn (que agora está espalhado por toda a Holanda) ou como são as típicas casas verdes holandesas! E depois seguimos viagem para o Aflijsdijk (acho que está mal escrito mas um erro não retira a imponencia da obra feita pelos holandeses (e que faz jus ao famoso ditado, Deus fez a terra e os holandeses a Holanda)), é uma auto-estrada que liga duas pontas da Holanda, com 35 kms, sustendada em betão e pedras, que formou um lago artificial de um dos lados e acalmou as ondas do Mar do Norte! Em seguida parámos para jantar em Leeuwarden, uma pequena cidade, calma e muito simpatica, a recordar o frio que aí vem!

E agora lá voltaram os meus tugas para o calor, enquanto eu fico aqui com os cachecóis, as camisolas de lã e os casacos, e esta língua diferente que me faz suspirar e que é realmente um desafio, pois não tem apenas uma construçao sintáctica diferente, tem sons terriveis, que não sei quando serei capaz de os imitar! Amanhã volto a ser aluna, uma aluna pouco aplicada, pois não estudei nada este fim de semana! Amanhã volto a estar sozinha com os meus botões e o meu gajo holandes, amanha volto a rotina que me soube tao bem quebrar e que agora me deixa um travo amargo recomeçar!!! Os postais, os emails, os chats, os telefonemas são bons e fazem-me bem mas não há nada como a presença daqueles de quem gostamos muito e que gostam de nós!

Fazem-me tanta falta, gente!
(isto amanha passa)