06/10/2007

Agualusa, Cesariny e os outros lá fora

Há mais ou menos duas semanas o Agualusa entrou pela porta holandesa... (Quem me dera!) Não, foi mesmo o último livro dele, As mulheres de meu pai, que me chegou às mãos, como noutros tempos, via correio! Larguei tudo o resto que andava a debicar e devorei as muitas páginas, cheias da minha África! Não descansei enquanto não o terminei e cada página lida era um encontro com a minha áfrica literária, com os tempos outros, em que me sonhava que aquele seria o meu país. Horas a ler em que voltei a vislumbrar Lueji de Pepetela (agora com o nome de Laurentina...), em que me encontrei sozinha com um livro, com um espaço e com um autor (que decidiu partilhar connosco, meros leitores, como se pode transformar o real em literário). Obrigada, amiga, não apaziguei o que trago em mim, mas descansei por breves instantes!

Dias depois, chegou o Cesariny... um documentário extraordinário para o DocLisboa, que nos traz um Cesariny vivo para sempre, irrequieto, lúcido e pouco conveniente, um Cesariny que se deu na totalidade à entrevista, como se aquele fosse o seu último legado! E eu que admiro a sua poesia, fiquei a admirar o homem, que sem máscaras, se apresentou. Obrigada amiga!

Hum... depois chegou outro, que ainda ando a tentar perceber se gosto ou não, às vezes apetece-me falar com a autora para lhe perguntar se ela pensa mesmo que pode ensinar alguém a escrever com o que diz... mas como ainda ando a tentar perceber o que ela quer, não faço mais comentários! Mas, Mirita, obrigada, está a ser uma luta, o que é bom!

E depois há os outros lá fora... os do curso... que vem de todos os lados: México, Moldávia, Turquia, Peru, Bulgária, Espanha, Itália, Japão, Grécia, Alemanha, Irão, Portugal e Holanda, tudo na mesma sala, tres horas por dia, tres dias por semana... Estranho? Não, é mesmo assim aqui! E isso é o que eu gosto mais, em vez de ir ao mercado ver a miscelanea de cores na bancada dos vegetais, vou para o curso, ver a miscelanea de gente! Mas hoje também foi dia de mercado aqui no Winkelcentrum (centro de lojas ou shopping center). E um mercado é sempre um mercado, não interessa onde estamos, acho eu! Mudam talvez alguns hábitos mas de resto... aqui não há o ciganito a vender a roupa do chines ou outra de contrafacção, lá isso é verdade, mas há holandeses a vender roupa fabricada na China e afins, há holandeses a vender botas e sapatos, há turcos a vender quinquilharias e os mais diversos tipos de comidas! E em vez do pão com chouriço ou da boa da bifana no pão, há peixe frito ou arenque crú no pão com cebola ou camrão (parecido com o nosso do rio) também no pão, claro! Só tive pena de não haver stroppwaffel acabinha de fazer... E confirma-se, os holandeses gostam mesmo de gomas! Havia uma banca (digamos, assim para o grande) com gomas de todos os tipos, das salgadas às doces, e não vi crianças a comprá-las, só mesmos adultos!

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